Artigo de opinião sobre Indústria cultural e consumo
Tópico: O poder da tecnologia digital: consumimos ou somos consumidos?
O algoritmo da manipulação consumista
No artigo “Indústria cultural e alienação: questões em torno da música brega”, de Adriana Facina, se tem dito que a necessidade de trabalhar para manter sua subsistência e sanar suas necessidades se igualam ao modo de consumir futilidades para suprir “necessidades modernas”. Sendo essas muitas vezes influenciadas por meio dos abundantes campus tecnológicos inseridos na sociedade, no entanto, a forma como tais se apresentam pode ser um tanto quanto opressora, resultando em uma real necessidade imposta para que se consumam determinadas futilidades. De fato, a vida humana passou a exigir uma complexidade variada no campo social, no qual a condição de vida moderna fosse suprimida sem retrocessos. Condições básicas para a sobrevivência foram reprogramadas e consequentemente mais capitalizadas pelo Estado, ou seja, a condição mínima já tem um custo altíssimo.
Mesmo que os meios de comunicação façam de tudo para atender os anseios de todo o público, ainda assim existem taxas populacionais significativas que sustentam essa condição de consumismo exacerbado. Melhor dizendo, a maioria da população não detém os meios de produção, mas sim estão abaixo da miséria e por isto são impedidos de consumir o básico. Por outro lado, existe um grupo social com maior poder de aquisição, cuja finalidade está em transformar esse âmbito das necessidades humanas em produtos fúteis. Logo, a desigualdade social cresce tanto que a realidade entre ambos se localiza em extremos.
Geralmente, o pensamento de um recém consumidor é de que há controle durante as suas relações comerciais para com o mercado, porém é neste momento que inicia-se a enganação sigilosa da mídia. Com o passar do tempo, o desejo de consumir do cliente se torna mais exigente e prático, buscando uma mercadoria específica. As primeiras doses que a indústria oferta são viciantes, pois quando registrado na indústria cultural é impossível sair de seu radar.
Seguindo uma lógica capitalista, o cliente não se importa tanto com seus gostos particulares, chegando ao estágio de receber informações manipuladas pelo sistema, se interessando por produtos em que antes não se tinha interesse. O algoritmo manipula o consumidor de tal forma que o lazer se torna uma extensão do trabalho feito pela indústria. A inicial autonomia se torna praticamente inexistente a essa altura do campeonato, a tecnologia se encarrega pelo domínio das escolhas culturais.
A partir da interpretação de Adorno concordamos que o sistema capitalista nos impõe métodos de reprodução de bens e esses são estabelecidos como necessidades precisas, o poder dos mais fortes se torna predominante em uma sociedade alienada por si mesma.
Mesmo que os algoritmos sejam um meio de manipulação, eles tiveram um ponto de partida, de certa forma sua criação veio de bases fortificadas por recursos que a classe dominante da sociedade detém. No entanto, esse plano inicial apresentou falhas, pois essa classe criadora foi aos poucos integrada ao grupo manipulado, ou seja, a produção superou o criador.
Como apontado, perdemos a noção do que realmente é necessário à vida, impedindo de fato o progresso da humanidade. A tática da indústria cultural vem cada vez mais exaltando as futilidades em forma de conteúdos pré-programados e compartilhados a milhões de telespectadores, tudo por conta de uma globalização acelerada.
Seguindo uma perspectiva ideológica, a indústria cultural carrega uma grande parte do fardo de gerenciar comportamentos de massas errôneos por meio de táticas especializadas na oferta de conteúdos, algo que podemos denominar por determinismo cultural.
O modo como o consumo entrou em foco e as necessidades passaram a integrar um campo mais vasto, tudo isso afeta no desenvolvimento social global e resultou na fortificação das divisões de classe. A facilidade com que se segue a influência do sistema é um grande impedimento para a mudança
dessa situação, seria necessária a validação de um meio fortificado para que se criem ideias originais ou se sigam uma maior variedade delas, de forma que a indústria seja sobrecarregada por exigências daqueles que apoiam esse consumo exacerbado.
Um caminho viável em meio a essa praga tecnológica seria a construção de um senso crítico no corpo social. E o ponto-chave de conversão da realidade é a intuição de extinguir com o individualismo, ou seja, com o egoísmo que é presente na conquista de bens materiais. Podemos fazer a analogia com o filme "O poço", dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, o seu final mesmo que ambíguo trouxe consigo uma solução contra a organização sem sentido da administração. A quebra do sistema é justamente invalidar o egoísmo e sacrificar o que há de maior a fim de conquistar a melhoria da humanidade.
Sobre todos os conceitos teóricos abordados, temos uma informação que se localiza no início e fim desta organização mais dominante, que no caso seria justamente o ser humano. Sua simbologia sempre será o objeto de estudo, pois a indústria cultural só tem o papel dominador agora porque teve seu início reforçado pela natureza humana. Concluindo, o ser humano está em todas as fases deste círculo do consumismo, até porque não podemos ditar um fim ao progresso da vida que se consiste boa parte na tecnologia, informação e consumo de massas.
Escrito por:
Isabella Maria Andrade - 2° ano de Edificações
Maria Eduarda Rogado Reis - 2° ano de Edificações
Rodrigo da Silva Ferreira - 2° ano de Edificações
Verônica Correia de Carvalho - 2° ano de Edificações
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