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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

 Industria Cultural e o pop: uma visão distópica de 7 rings. 




Peças publicitárias são, por virtude de essência, artifícios de publicidade que dispõem da capacidade de serem trabalhos de maneira isolada. Por via disto, não constroem-se necessárias campanhas que acompanhem o que está sendo exibido, dada a independência e a singularidade de tais. Os melhores e mais habituais modelos de peça publicitária são o outdoor, o busdoor e o mobiliário urbano.
     O primeiro, por sua vez, é indubitavelmente a peça mais conhecida pela população geral. Geralmente alocado nas estradas, o outdoor se consagra como um cartaz de enormes proporções, embasado por uma estrutura que o sustente e confira uma melhor (e mais abrangente) visualização do que está sendo promovido. Quanto mais se obtém por “desenvolvida” uma cidade, mais outdoors são empregados nela. Assim, metrópoles são o centro da presença deste modelo de peças. 
       A estratégia aplicada em outdoors é objetiva e incisiva: produzindo uma propaganda gigante de algo, colocando-a em locais onde sempre há trâmite de pessoas e garantindo que todos possam vê-la, a divulgação se torna muito mais efetiva e disseminada, fazendo com que a taxa de consumo do que se faz estampado aumente exponencialmente. 
       O busdoor, contudo, se diferencia em alguns aspectos. Assim como se é inferido pela própria etimologia de seu nome (bus), esta peça publicitária se relaciona intimamente com o transporte coletivo. Destarte, o anúncio é empregado em localidade diferente: nas janelas de ônibus. A premissa e a intenção, também propositais, confluem para a ideia do grande porte que estes automóveis apresentam, possibilitando que as pessoas atrás dele possam visualizar, prestar forte atenção e até mesmo serem persuadidos pelo
anúncio a frente.
        O mobiliário urbano, para fins conclusivos de exposição, trata-se de equipamentos e objetos que, instalados em ruas e estradas, manifestam propósitos variados. Ao serem transpostos para o campo da publicidade, todavia, eles passam a utilizar o caráter público que os fundamenta para a promoção mais ágil e ativa do serviço, produto, mensagem ou além que está sendo mostrado. Portanto, mesclando o que é “publi” com o que é “público”, os mobiliários urbanos auxiliam de forma notória o “espalhar” do que se cria apresentado. 
      Elencada toda esta explanação, parte-se para o destrinchamento da peça publicitária denotada abaixo. Ela, retratada em duas situações e ambientes distintos, representa um exemplo claro de outdoor. Sua inspiração, seu espírito e sua corrente de pensamento, porém, fazem morada em um espectro bastante criativo: a intersecção entre a ideia de indústria cultural (e consumo) e a música pop. 
         Ariana Grande, um dos maiores e mais famigerados nomes da atualidade, lançou o hit orgânico “7 rings” no ano de 2019. Emplacando-o no topo da Billboard Hot 100, recebendo inúmeras indicações e premiações, quebrando recordes e garantindo-o a marca diamante, Ariana foi responsável por consolidar um dos maiores sucessos dos últimos tempos.  Entretanto, quando despida de superficialidade, a canção em questão pode ser instrumento certeiro no estudo da sociedade atual.
        No verso central da música, Ariana canta: “I see it, I like it, I want it, I got it”. Numa tradução livre para o português: “Eu vejo, eu gosto, eu quero, eu compro”. Mesmo parecendo palavras inofensivas e meramente luxuosas, a lírica revela cruéis fatos sobre o mundo contemporâneo. A necessidade compulsiva de comprar pertences absolutamente desnecessários é, na maioria das vezes, justificada pela “vontade” de tal. 
          Porém, seria este desejo realmente genuíno? Não seria este “ver” uma estratégia premeditada pela grande mídia? Não seria este “gostar” uma falsa sensação, confeccionada pela ação silenciosa da indústria na mente coletiva? Não seria este “querer” resultado de uma manipulação imperativa? E, por fim, não seria este “comprar” um ato vago, superficial e controlado pelas garras da indústria, que faz da humanidade fantoches e regula todo seu modo de vida?
      Estas são apenas algumas das indagações suscitadas por “7 Rings”. Relacionando-se intrinsecamente com o conceito de “Indústria Cultural” proposto por Adorno e Horkheimer e pelo consumismo (de fundo capitalista) que assola o meio social vigente, Ariana promove uma reflexão urgente e necessária nos dias de hoje acerca da ação da compra. Seria você, realmente, dono de suas vontades? Seria você, realmente, um ser capaz de ver, gostar, querer e comprar de forma autônoma? Ou, no fim, seria você apenas um peão do infindável xadrez que você jamais fará ideia da magnitude?












Gabriela Carvalho Gonçalves 
João Victhor Alves de Brito 
Lorena Ferreira Moreira 
Maria Eduarda Sabiá 
(Todos de Química)

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